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O bebê que não chora: o que está por trás do fenômeno dos bebês reborn

PorFauzi Rux 10 de junho de 202510 de junho de 2025

Com olhos vívidos, pele com marcas realistas, cabelo implantado fio a fio e até cheiro de recém-nascido, os bebês reborn têm conquistado um número crescente de admiradores no Brasil e no mundo. Essas bonecas hiper-realistas imitam com perfeição impressionante um bebê humano. Mas o que está por trás dessa tendência, que ao mesmo tempo encanta e provoca estranhamento?

Enquanto alguns enxergam nos reborns uma forma de arte ou uma paixão por colecionismo, especialistas alertam para os significados emocionais mais profundos que essa relação pode carregar. A psicóloga, psicanalista e sexóloga Juliana Conti Elias (CRP 06/139348) traz uma análise que vai além da estética desses bonecos e propõe uma escuta mais atenta aos afetos envolvidos.

Entre o real e o simbólico: o bebê que ocupa um lugar psíquico

Juliana pergunta: o que está em jogo quando alguém desenvolve um vínculo afetivo com um objeto inanimado que representa um bebê? Segundo ela, o apego aos bebês reborn pode variar entre o simples gosto estético e uma tentativa inconsciente de lidar com traumas, perdas ou vínculos afetivos mal elaborados.

Esse fenômeno se aproxima do conceito freudiano de “Das Unheimliche”, ou “o estranho”. Trata-se de algo que é familiar, mas ao mesmo tempo inquietante. O bebê reborn provoca justamente essa ambiguidade: parece um bebê real, mas não está vivo. É inerte. Para algumas pessoas, isso pode representar conforto emocional. Para outras, pode indicar um sofrimento psíquico ainda não simbolizado.

Quando o luto vira boneca

Se o boneco começa a ocupar um espaço desproporcional na vida da pessoa, interferindo em sua rotina social, emocional ou profissional, é preciso atenção. Juliana lembra os ensinamentos de Melanie Klein, que aponta a importância de se reconhecer a perda. Todo processo de luto exige a travessia pela dor e a aceitação de que aquilo que se perdeu não poderá ser substituído. Quando isso não acontece, existe o risco de a dor ser cristalizada em um objeto. Nesse caso, o bebê reborn pode deixar de ser um suporte simbólico e passar a funcionar como um mecanismo de defesa contra o vazio.

Um objeto transicional na vida adulta

Donald Winnicott, psicanalista britânico, formulou o conceito de objetos transicionais. São objetos que, na infância, ajudam a criança a suportar a ausência da mãe e a desenvolver autonomia emocional. Juliana observa que, quando adultos recorrem a objetos semelhantes aos da infância, como os bebês reborn, isso pode indicar um vínculo afetivo não resolvido. Também pode ser uma forma inconsciente de elaborar um trauma ou um luto não simbolizado.

Quando o afeto se transforma em sintoma

O debate não deve se concentrar em patologizar o gosto pelos bebês reborn, mas em compreender a função que eles ocupam na vida psíquica do sujeito. Para Juliana, todo afeto é legítimo, mas só é saudável quando não isola a pessoa do mundo e sim a ajuda a viver nele.

Psicanalistas como Christian Dunker, Alexandre Patrício de Almeida e Ana Suy também têm discutido esse fenômeno. Dunker destaca o estranhamento provocado pelos reborns, enquanto Ana Suy lembra que o amor, por mais essencial que seja, nunca é completo. Sempre existe uma falta, um vazio, e é nessa falta que surge a possibilidade de desejar, criar e seguir em frente.

Um convite à escuta, não ao julgamento

Juliana reforça que o excesso de apego a um reborn pode ser um pedido silencioso de ajuda. Por isso, amigos e familiares devem agir com acolhimento e diálogo, e não com julgamento. A psicanálise não busca curar o gosto por bonecas realistas, mas compreender o que o bebê representa para aquela pessoa. Qual dor ele tenta nomear? Que falta ele tenta preencher?

Dados que revelam a expansão do fenômeno

O Brasil é o segundo país que mais consome bebês reborn, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Nas redes sociais, perfis com milhares de seguidores mostram rotinas completas com os bonecos, como se fossem filhos reais. Troca de fraldas, mamadeiras, passeios ao ar livre e até quartinhos montados exclusivamente para os bonecos são parte desse universo.

Os preços variam de R$ 600 a mais de R$ 5 mil, dependendo do grau de realismo, dos materiais e da técnica do artista criador.

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Conclusão

O bebê reborn pode representar arte, memória, saudade ou dor. Pode ser um companheiro simbólico ou uma forma de se proteger de uma perda insuportável. O mais importante é que ele não substitua a vida, mas ajude a compreendê-la. Mesmo sem chorar, o reborn talvez diga muito sobre quem o segura nos braços.

Fauzi Rux

Construindo Credibilidade no Mercado Digital | Jornalista e Gestor de Carreira com mais de 15000 Matérias Publicadas | Especialista em Posicionamento de Carreira. Contato: 21960720385

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