Agosto Roxo reforça o combate à violência contra a mulher com alerta da psicóloga Juliana Conti
O mês de agosto é marcado nacionalmente pelo Agosto Roxo, uma campanha que tem como foco principal o enfrentamento da violência contra a mulher, tema que ganha ainda mais destaque diante do caso brutal ocorrido em Natal (RN) no final de julho de 2025. As imagens de câmeras de segurança de um elevador mostram o ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral agredindo violentamente sua namorada, Juliana Garcia dos Santos, com mais de 60 socos, resultando em múltiplas fraturas faciais e uma cirurgia de reconstrução.
A psicóloga e psicanalista Juliana Conti, que acompanha casos de violência de gênero, destaca que episódios tão graves raramente acontecem sem uma escalada de abusos anteriores. “Ninguém apanha pela primeira vez com 61 socos. Esse desfecho brutal é o resultado de uma sequência de agressões que começam muito antes, com um tom agressivo, controle excessivo e tentativas de moldar a identidade da vítima”, explica.
Juliana também chama atenção para o ciúme patológico, que vai além da insegurança comum, e muitas vezes reflete projeções internas não resolvidas. “Nessa lógica distorcida, o outro vira ameaça, e ferir passa a ser encarado como defesa — uma defesa que destrói”, analisa a especialista.

Outro ponto fundamental abordado por Juliana é a cultura que ainda insiste em colocar a vítima sob suspeita, questionando suas escolhas e sua reação diante da violência sofrida. “Essa cultura se mantém não apenas pelos agressores, mas também por aqueles que silenciam ou minimizam o problema”, afirma.
Para a psicóloga, o Agosto Roxo deve ser mais do que uma campanha simbólica. “É preciso um compromisso diário com o respeito, a escuta e o acolhimento. Ouvir com empatia é um ato político. Acolher a dor do outro é resistência”, finaliza.
Em um contexto onde discursos que tentam justificar ou minimizar a violência ainda circulam nas redes sociais, o Agosto Roxo surge como um alerta para toda a sociedade reforçar a proteção e o apoio às mulheres que vivem esse tipo de violência.