Trombose: O Perigo Silencioso Que Pode Atingir Qualquer PessoaPor Dr. Matheus Araujo, especialista em cirurgia vascular, endovascular e radiointervenção
A trombose venosa profunda (TVP) é uma condição potencialmente grave, mas ainda subestimada, que pode levar a complicações fatais, como a embolia pulmonar. Muitas vezes silenciosa, a doença se desenvolve quando um coágulo de sangue se forma em uma veia profunda, geralmente nas pernas, podendo se desprender e atingir órgãos vitais. Com a rotina cada vez mais sedentária e fatores de risco como viagens longas, tabagismo e uso de anticoncepcionais, entender essa condição se torna essencial.
Para esclarecer os riscos, sintomas e formas de prevenção, conversamos com o Dr. Matheus Araujo, especialista em cirurgia vascular, endovascular e radiointervenção.

O que exatamente é a trombose venosa profunda e por que ela é tão perigosa?
A trombose venosa profunda ocorre quando se forma um coágulo em uma veia profunda, geralmente nas pernas. O perigo está no fato de que esse coágulo pode se desprender e “viajar” até os pulmões, causando a embolia pulmonar, que pode ser fatal. Além disso, mesmo quando não evolui para embolia, a trombose pode causar dor crônica, inchaço e outras sequelas vasculares a longo prazo.
Quais são os principais fatores de risco para o desenvolvimento da trombose?
Entre os principais fatores estão o sedentarismo, obesidade, tabagismo, uso de anticoncepcionais hormonais, histórico familiar de trombose, cirurgias recentes, internações prolongadas e viagens longas. A presença de grandes varizes também pode aumentar o risco, assim como condições genéticas de hipercoagulabilidade.
A partir de qual idade a trombose pode se tornar uma preocupação e quais grupos etários correm mais risco?
Embora possa ocorrer em qualquer idade, o risco aumenta significativamente após os 40 anos. No entanto, jovens também podem ser acometidos, especialmente se estiverem expostos a múltiplos fatores de risco, como uso de anticoncepcionais e tabagismo. Pacientes idosos são particularmente vulneráveis devido à menor mobilidade e ao acúmulo de comorbidades.
O sedentarismo e o uso prolongado de telas podem aumentar as chances de desenvolver trombose?
Sim, sem dúvida. Permanecer muito tempo sentado sem movimentar as pernas diminui o fluxo sanguíneo e favorece a formação de coágulos. A recomendação é levantar-se a cada hora, alongar as pernas e, se possível, caminhar por alguns minutos para reativar a circulação.

A gravidez aumenta o risco de trombose? Se sim, quais são os cuidados essenciais que uma gestante deve tomar?
Durante a gravidez, há alterações hormonais e compressão das veias pélvicas pelo útero aumentado, o que aumenta o risco de trombose. O risco é ainda maior no puerpério. Por isso, é fundamental manter uma boa hidratação, evitar longos períodos sentada, usar meias de compressão se indicado e realizar o pré-natal corretamente, alertando o médico sobre qualquer histórico pessoal ou familiar da doença.
Muitas pessoas associam trombose a viagens longas. O que realmente acontece com o corpo em situações como essa?
Durante viagens longas, principalmente de avião, a imobilidade prolongada e a pressão reduzida na cabine favorecem a estagnação do sangue nas pernas. A falta de movimentação é o maior inimigo da circulação venosa. Por isso, é essencial se levantar, caminhar e fazer exercícios simples com os pés, além de manter-se hidratado.
Quais são os primeiros sinais e sintomas que podem indicar a presença de um coágulo perigoso?
Os sintomas mais comuns são dor e inchaço na perna, sensação de peso ou calor local, vermelhidão e endurecimento na região afetada. Em casos mais graves, quando o coágulo se desloca para os pulmões, pode haver falta de ar, dor no peito e até desmaios. Diante de qualquer um desses sinais, o ideal é procurar atendimento médico imediatamente.
Uma vez diagnosticada, qual é o tratamento mais eficaz para a trombose e quais os riscos de recorrência?
O tratamento envolve o uso de anticoagulantes, que impedem o crescimento do coágulo e evitam novas formações. Em alguns casos mais graves, pode ser necessário o uso de métodos intervencionistas, como trombólise. O risco de recorrência existe, especialmente se os fatores de risco não forem controlados, por isso o acompanhamento médico contínuo é fundamental.
Há alguma forma eficaz de prevenir a trombose no dia a dia? Pequenas mudanças na rotina podem ajudar?
Com certeza. Praticar atividade física regularmente, manter-se hidratado, evitar o tabagismo, controlar o peso, levantar-se com frequência durante o dia e usar meias de compressão em casos específicos são medidas simples e muito eficazes. Em viagens ou longos períodos sentado, movimentar as pernas é essencial.
Quais mitos sobre a trombose precisam ser desmistificados para que a população compreenda melhor a gravidade do problema?
Um dos mitos mais perigosos é acreditar que apenas pessoas idosas ou acamadas podem ter trombose. Isso não é verdade. Jovens, atletas e pessoas aparentemente saudáveis também podem ser acometidas, principalmente se expostas a fatores de risco. Outro equívoco é achar que a dor na perna sempre é muscular. Às vezes, pode ser um sinal de alerta. A conscientização e o diagnóstico precoce salvam vidas.